quarta-feira, 26 de novembro de 2008

EFERVESCÊNCIA CULTURAL NA DITADURA MILITAR

CRISTIANE LEAL ALMONDES¹

[...] De que me vale.
Ser filho da Santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim
Esse cálice [...]
(Chico Buarque)


Resumo: O período da Ditadura Militar, no Brasil, foi marcado por uma intensa efervescência cultural. Neste período, que foi de 1964 à 1985, os militares tornaram o poder e implantaram o autoritarismo que impediria a liberdade de imprensa. A partir daí escrevo sobre os romances que floresceram no período da ditadura, esses que por sua vez estavam “livres” da censura. E também outros meios culturais que se sobressaíram.

Palavras – chave: Ditadura Militar, Efervescência cultural, romances.

Introdução: No Brasil, as décadas de 1960 e 1980 foram marcadas por governos ditatoriais que, com seu autoritarismo, impediram, através do Ato Institucional nº 5 a liberdade de imprensa, bloqueando os meios de comunicação, como rádio, televisão, jornal, revista etc.
No entanto, a literatura, o cinema, a música não deixaram de florescer, havendo assim uma resposta por parte dos meios culturais ao autoritarismo militar.

EFERVESCÊNCIA CULTURAL NA DITADURA MILITAR

A Ditadura Militar foi a tomada do poder no Brasil por militares, através do golpe de 1964. O autoritarismo tomou conta do país e com a decretação do Ato Institucional nº 5, no governo de Costa e Silva, foi impedida a liberdade de imprensa e bloqueados os meios de comunicação, tornando-se difícil a reivindicação contra a forma de governo, pois aqueles que se opunham a essa situação eram perseguidos, torturados, exilados, ou até mesmo mortos pelo governo.

No entanto, nessa época floresceram os romances que, por sua vez estavam “livres” da censura. Segundo Malcolm Silvermam (2000,p. ), no seu livro Protesto e o novo romance brasileiro:

Reconhecidamente, a influencia do escritor sobre a opinião publica era minguada e insignificante. Já se calculou que me todo Brasil, há apenas sessenta mil leitores de ficção, ao menos do que 0,05% da população!

Como no Brasil, são poucos os leitores de ficção, o governo não censurava os romances como aos outros meios de comunicação. Assim, esses floresceram nessa época, apesar de existir marca da influência da repressão nesses romances.

Malcolm Silvermam dividiu em nove estes romances: O romance jornalístico; romance memorial; romance de massificação; romance de costumes urbanos; romance intimista; romance regionalista – histórico, romance realista político; romance da sátira política absurda; romance da sátira política surrealista.

O que é isso, companheiro? , de Fernando Gabeira, por exemplo, foi lançado em 1979, e informa sobre o golpe e os anos da ditadura militar e sobre os movimentos sociais da época.

Esta obra conta também sobre a experiência de Gabeira na luta contra a ditadura, o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, sua prisão e exílio na Europa.

O que é isso, companheiro? Chegou a ser transformado em filme por Bruno Barreto, e é uma obra que merece destaque na literatura brasileira.

Assim como o que é isso, companheiro? Outros romances destacaram-se como: Quarteto de Copacabana, de Assis Brasil; Tenda dos milagres, de Jorge Amado; Quarup, de Antonio Callado; Zero, de Loyola Brandão etc.

Todas estas obras escritas no período militar mostram o nível da nossa literatura, apesar das influências sofridas pela repressão.
Segundo Malcolm Silvermam: (2000, p. )

Nascido, na maioria de circunstância extraliterárias em rápida transformação, todos os textos foram influenciados pela alternância funesta da repressão e da agitação, relacionada com a profitica divisa positiva de ordem e progresso.

Além dos romances, destacaram-se outras formas de artes; o cinema, como no caso do livro Lamarca, o Capitão da Guerrilha, por Emiliano José e Oldack Miranda, que foi adaptado para o filme Lamarca.

E as músicas como Alegria, Alegria, de Caetano Veloso; Pedro pedreiro, de Buarque; Domingo no parque, de Gilberto Gil; Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré.

A música “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso é um bom exemplo do que foi a música brasileira a partir dos anos de 1960:


Caminhando contra o vento
sem lenço e sem documento
num sol de quase dezembro... eu vou
o sol se reparte em crimes espaçonaves
guerrilhas em cordinales bonitas... eu vou.
Em caras de presidentes
em grande beijos de amor
em dentes pernas bandeiras
bomba e Brigitte Bardot .
O sol nas bancas de revistas
Me enche de alegria e preguiça
quem lê tanta noticia ... eu vou... [...]


A música “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso é também de muita importância para o movimento Tropicalista que explodiu no período militar, este movimento cultural foi lançado por Caetano Veloso, juntamente com Gilberto Gil e foi através desse movimento que se revolucionou a MPB (Música Popular Brasileira).

Foi nessa tentativa de revolução contra a ditadura, que Caetano e Gil, foram exilados na Inglaterra.

Assim como Gil e Caetano, outras pessoas, por chocar com as idéias da ditadura, foram presas e exiladas.

No entanto, os meios culturais floresceram, em meio de tantas censuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Silvermam, Malcolm. Protesto e o novo romance brasileiro trad: Carlos Araújo, 2ª ed. Rio de Janeiro: civilização brasileira, 2000.

VELOSO,Caetano.Alegria,alegria. In:http://www.google.com.br/search?hl=pt_br&q=alegria%2c=alegria+de+caetano+veloso&meta=

BUARQUE, Chico. Cálice. In:
http://www.google.com.br/search?hl=pt_br&q=c%c3%alice+de+chico+buarque&meta=
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1. Aluna do curso de letras, da Universidade Federal do Piauí,Campos de Picos - PI. ­­­­­­­­­­­

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